A religião grega, ao contrário do que se imagina, não é a mesma coisa que Mitologia grega. A "mitologia" reúne histórias que podem envolver ou não fenômenos sobrenaturais ("Divinos"); a "religião" abrange todas as formas de comportamento com os quais os homens procuram se relacionar com a divindade.
Os antigos gregos não utilizavam nenhuma palavra parecida com o termo "religião" de uso corrente entre nós; para eles, o que importava era a "piedade" ,ou seja, o respeito e a reverência aos deuses. Tudo era da alçada dos deuses e deles não se esperava nenhum favor especial pois, a exemplo dos homens, eles agiam de acordo com o que recebiam.
POLITEÍSMO
Os gregos depositavam suas crenças em um panteão de divindades conhecido como os "Deuses do Olimpo". Segundo a tradição no topo do Monte de mesmo nome, haveria um palácio invisível aos olhos dos mortais, onde habitavam as entidades responsáveis pelos mais diversos segmentos da vida cotidiana.
ANTROPOMORFISMO
É possível perceber que os deuses gregos apresentavam um comportamento recheado de atitudes característica dos mortais, tais como inveja, ciúmes, desejo sexual e vaidade. Deste modo a religião grega não teria conhecido o maniqueísmo cristão, não havendo, portanto uma separação entre o bem e o mal, a mesma divindade poderia ser boa ou ruim.
OS SACRIFÍCIOS
Pensava-se que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos e que era necessário aplacá-los através de sacrifícios. A Asclépio, deus da medicina, por exemplo, era costume sacrificar um galo. Os sacerdotes que auxiliavam os fiéis em suas preces e sacrifícios não constituíam o que hoje chamaríamos de "clero" considerados servos dos deuses, administravam seus templos e santuários, e na comunidade eram tratados como simples cidadãos.
JOGOS OLÍMPICOS
Grandes festivais religiosos eram celebrados regularmente, para que toda a comunidade pudesse honrar o deus de sua cidade. As famosas Olimpíada, por exemplo, eram festivais da cidade de Olímpia em honra a Zeus e aconteciam a cada quatro anos. Além das cerimônias religiosas de praxe, havia também competições atléticas e poéticas. Os atletas que participavam das competições eram respeitados pelos gregos em geral. O prêmio para os vencedores era apenas uma coroa feita com ramos de oliveira colhidos num bosque consagrado a Zeus. Mas a sua glória era imensa. As cidades recepcionavam os vitoriosos com festas e homenagens. Poetas, como Pindaro, faziam poemas em sua homenagem, e o governo erguia-lhes estátuas.
ORÁCULOS
Era possível, ocasionalmente, conhecer os desígnios divinos através da arte divinatória. Os adivinhos interpretavam geralmente o voo das aves, o aspecto das entranhas dos animais sacrificados e os sonhos. Haviam também os oráculos, em que um determinado deus respondia a perguntas de seus fiéis através de um intermediário (sacerdote), tomado por um êxtase ou loucura divina. O oráculo mais famoso da Grécia era o de Apolo, localizado na cidade de Delfos.
CULTO PRIVADO
Na vida privada era praticado o culto aos mortos. Após a morte, todos iam para o mesmo lugar, o Hades; mas, para isso, era essencial que todos os ritos fúnebres fossem escrupulosamente cumpridos. Haviam ainda os cultos de mistérios, em que os fiéis recebiam ensinamentos relacionados com a vida após a morte; os dois mais importantes, os Mistérios Eleusinos e o Orfismo, foram famosos durante toda a antiguidade. Esses cultos eram chamados de mistérios porque suas doutrinas e rituais podiam ser revelados somente aos iniciados, que juravam mantê-los em segredo.
RELIGIOSIDADE E DEVOÇÃO
Entre os traços mais marcantes da cultura grega, podemos citar a "valorização" da figura humana. A ponto de seus deuses serem semelhantes aos homens, no que concerne a prática e a busca da virtude aliada aos inevitáveis e comuns defeitos de nosso caminhar. O que diferenciava dos deuses dos homens era a imortalidade dos primeiros.
Mais do que isso, o antropomorfismo presente na religiosidade grega, possibilitava uma mentalidade mais próxima deste mundo, do que numa vida futura. Portanto, a partir do momento que os deuses eram semelhantes aos homens e os deuses assumiam um carácter, por diversas vezes, familiar. Afinal, havia altares com todas as casas gregas, santuários da freguesia (demos) e inúmeras organizações privadas, o que possibilitava o politeísmo grego, um forte sentido pragmático.
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