O DESCOBRIMENTO DO BRASIL E AS PRIMEIRAS DÉCADAS DA COLÔNIA - PT 01

No ano 2000, o governo brasileiro organizou uma ampla programação em comemoração aos 500 anos do ― Descobrimento do Brasil. Contudo, é preciso ressaltar que o termo “descoberta do Brasil” se aplica somente à chegada, em 22 de abril de 1500, da frota comandada pelo navegador português Pedro Álvares Cabral a uma parte da extensão de terra onde atualmente se localiza o território brasileiro. A palavra "descoberta" é usada nesse sentido em uma perspectiva europocêntrica, ou seja, referindo-se estritamente a um olhar europeu que ―descobre um ―Novo MundO, deixando de considerar a presença de diversos grupos de povos ameríndios que habitam a região há muitos séculos.

O período pré-colonial 1500-1530

O “descobrimento” e o comércio indiano – Em 1500, as índias, ―recém-descobertas por Portugal, supriam as necessidades comerciais do Reino, através do afluxo de especiarias. Neste momento, o Estado e a burguesia portuguesa estavam mais interessados na África e na Ásia, pois os lucros oferecidos pelo comércio com essas regiões eram imediatos, com o comércio das especiarias asiáticas e dos produtos africanos, como o ouro, o marfim e o escravo negro. Em contrapartida, os lucros conseguidos com a extração do pau-brasil eram insignificantes se comparados com aqueles adquiridos com os produtos afro-asiáticos.

O escambo de pau-brasil

Em 1501 e 1502 foram feitas expedições pela costa brasileira. Após os primeiros contatos com os indígenas, os portugueses começaram a explorar o pau-brasil da Mata Atlântica. O pau-brasil tinha grande valor no mercado europeu, já que sua seiva avermelhada era muito utilizada para tingir tecidos e para a fabricação de móveis e embarcações. Como estas árvores não estavam concentradas em uma única região, mas espalhadas pela mata, passou-se a utilizar a mão de obra indígena para executar o corte. Até esse momento, os índios não eram escravizados, eram pagos na forma de escambo, ou seja, através da troca de produtos. Machados, apitos, chocalhos, espelhos e outros objetos utilitários foram oferecidos aos nativos em troca de seu trabalho (cortar o pau-brasil e carregá-lo até às caravelas). Os portugueses continuaram a exploração da madeira, erguendo toscas feitorias no litoral, onde funcionavam armazéns e postos de trocas com os indígenas.

Motivações para a colonização

Nesse período, encontravam-se, além dos portugueses, outros estrangeiros no território da América portuguesa. Dentre estes, destacam-se os franceses, que eram os principais compradores do pau-brasil da costa brasileira. No final da década de 1520, Portugal via uma dupla necessidade de dar início à colonização no Brasil. Pois, se por um lado, o Reino passava por sérios problemas financeiros com a perda do monopólio do comércio das especiarias asiáticas, por outro, a crescente presença estrangeira, notadamente francesa, no litoral do Brasil, ameaçava a posse portuguesa da sua parte nas terras do Novo Mundo. Outro fator relevante foi a descoberta de ouro e prata na América espanhola. Em 1530, o governo português enviou ao Brasil a primeira expedição colonizadora, sob o comando de Martim Afonso de Sousa. Essa expedição visava o povoamento e a defesa da nova terra, assim como, sua administração e sistematização da exploração econômica.

A organização da estrutura político-administrativa do Brasil colonial

O sistema de Capitanias Hereditárias - Em 1532, tomou-se a decisão de dividir a colônia em 14 Capitanias Hereditárias, doadas a nobres portugueses que teriam a obrigação de povoar, proteger e desenvolver economicamente seus territórios. Para estimular os donatários a ocupar as novas terras, o rei lhes concedeu amplos poderes políticos, para governar suas terras. Dessa forma, os donatários poderiam doar sesmarias, exercerem jurisdição civil na Capitania e obterem direitos comerciais. Em contrapartida, os donatários deveriam arrecadar tributos para a Coroa. A nobreza e a burguesia portuguesa não se interessaram pelo empreendimento, pois não apresentavam atrativos visivelmente rentáveis. Das Capitanias organizadas, poucas obtiveram êxito. As que mais prosperaram foram as Capitanias de São Vicente e de Pernambuco. As outras fracassaram como empresa colonizadora, como foi o caso da Capitania de Ilhéus, onde o donatário Pereira Coutinho acabou sendo devorado pelos índios antropófagos locais. Contudo, o sistema continuou a existir até finais do século XVIII.

O Governo Geral

Com o risco sempre iminente da perda do território para os franceses e com a notícia da descoberta da mina de Potosi (na atual Bolívia) pelos espanhóis, em 1545, (a maior mina de prata do mundo na época), em 1548, a Coroa portuguesa decidiu implantar um governo central na colônia. Esse sistema administrativo, introduzido em 1548, centralizava o poder político e administrativo da colônia nas mãos de um representante do rei, o governador geral. Entre suas principais funções estavam: consolidar o poder político e religioso; incentivar o povoamento visando a defesa do território contra invasões; auxiliar na administração e proteger militarmente os donatários, estabelecendo, assim, um maior controle social. A primeira sede do Governo Geral foi em Salvador.

As Câmaras Municipais


Eram órgãos locais da administração colonial portuguesa. Sua fundação data de 1549, na cidade de Salvador, por Tomé de Souza. Suas funções eram bastante extensas e abarcavam diversos setores da vida econômica, social e política na colônia. As câmaras municipais prevaleceram em todo o período colonial, tornando-se a base da administração. Seus membros eram constituídos pelos homens bons, grandes proprietários de terras e escravos. Posteriormente, nas cidades que desenvolveram atividades mercantis, as câmaras municipais foram ocupadas por grandes comerciantes, como ocorreu em Olinda. As câmaras eram importantes centros de poder e de decisão na colônia e, algumas vezes, se confrontavam com a Coroa.

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Jhonny Feitoza

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