Os cristão-novos - O termo designa os judeus convertidos ao cristianismo católico. A
distinção entre cristão-velho e critão-novo tornou-se corrente a partir de
1497, quando o rei português D. Manuel I ordenou a conversão em massa dos
judeus residentes em Portugal ao catolicismo. Muitos destes fugiram para o
Brasil, com receio do Tribunal da Santa Inquisição instalado em Portugal, entre
1536 e 1540. Por essa época consolidaram-se também as exigências de pureza de
sangue, em consequência da consideração da impureza do sangue dos judeus,
negros e mouros. Com base na pureza de sangue, a sociedade do Antigo Regime
consolidava-se estabelecendo uma série de obstáculos à ascensão social,
exigindo-se, inclusive, o exame de origem dos candidatos aos cargos
eclesiásticos, políticos e administrativos. Apesar disso, a presença dos
cristão-novos foi muito importante para a colonização portuguesa na América.
A questão indígena
A carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro documento em que relata
os primeiros contatos dos portugueses com as populações nativas do Brasil.
Nesta carta, percebe-se o grande choque cultural provocado pelas enormes
diferenças culturais entre os europeus e as populações ameríndias da América
portuguesa. Dessa forma, a nudez dos índios foi relatada com perplexidade.
Estima-se que, neste primeiro contato, os índios no Brasil eram contados em
cerca de 3 milhões ao todo, somando-se todas as diversas tribos. A partir do
amplo contato com os colonizadores, o extermínio dos índios gerou uma redução
quantitativa drástica, e, com o passar dos séculos, os ―avanços civilizatórios‖
foram levando cada vez mais os índios à sua extinção. Dezenas de milhares de
índios morreram em conseqüência do contato direto e/ou indireto com os europeus
e pelas doenças por eles trazidas. A gripe, o sarampo, a coqueluche e outras
doenças consideradas mais graves, como a tuberculose e a varíola, vitimaram,
muitas vezes, sociedades indígenas inteiras, pelo fato dessas populações não
possuírem imunidade natural contra esses males. Além da violência contra os
indígenas, que foram escravizados em muitas regiões da colônia, durante o
processo de colonização, suas terras foram tomadas, seus meios de sobrevivência
destruídos e suas práticas religiosas proibidas. Durante o século XIX, com os
avanços em epidemiologia, verificaram-se casos em que foram usadas epidemias de
varíola como arma biológica contra os índios. Esses casos se encontram
amplamente documentados e sugerem que, com o objetivo de conseguir mais terras,
homens brancos "presenteavam" os índios com roupas infectadas pela doença, em seguida, aldeias inteiras eram
dizimadas. Existem relatos de casos semelhantes por toda América do Sul.
Um dos principais grupos indígenas do Brasil foi o dos tupinambás,
e também um dos grandes inimigos da colonização portuguesa. Espalhados pela
costa brasileira, eram encontrados, sobretudo, na Bahia e no Rio de Janeiro.
Povo de comportamento belicoso, a guerra desempenhava um papel de destaque na
sua cultura como fator de conservação e aumento dos recursos naturais sujeitos
ao domínio tribal. Após o início da colonização efetiva do Brasil pelos
portugueses (1530), foram empreendidas muitas guerras entre portugueses e
tupinambás, em consequência disso, estes últimos foram expulsos de suas terras
ou aniquilados. A Coroa portuguesa, logo no início da colonização, proibiu a
escravidão dos índios, mas essa logo se tornou ―letra morta‖. Apesar das leis
contra a escravidão indígena, abria-se a exceção nas situações consideradas
como Guerra Justa, que consistia, segundo os portugueses, nas situações em que
homens brancos eram atacados pelos nativos. Além disso, a escravidão indígena
era justificada pela fé e camuflada sob o compromisso da evangelização. Segundo
a ideologia oficial da colonização, a catequização dos índios compreendia o seu
principal objetivo. Nos primeiros anos da empresa colonizadora, os portugueses
fizeram comércio (escambo) com os índios, no entanto, com a implementação das
plantations, começaram a utilizar a mão de obra indígena de forma compulsória.
O trabalho indígena conseguido pela força, foi largamente utilizado em toda a
colônia até cerca de 1600.
A integração com os
indígenas
Uma das maneiras de viabilizar a conquista européia seria
estabelecer relações estáveis com as comunidades indígenas. Com esse objetivo,
muitos portugueses se uniram a mulheres índias e, assim, mudaram sua condição
de invasor para parente, passando a serem aceitos e integrados àquelas
sociedades. Dessa forma, muitos homens brancos passaram a usufruir não só do
trabalho, mas também da proteção dos nativos. Os bandeirantes paulistas são um
exemplo de indivíduos que puseram em prática essa ação.
A resistência
Indígena
Os povos indígenas, ao contrário do que preconizava parte da
historiografia tradicional, não aceitaram pacificamente a dominação dos
não-índios e, durante todo o processo colonizador, empreenderam uma forte
resistência. Dentre esses movimentos de resistência indígena antiescravista,
destaca-se a Confederação dos Tamoios, um movimento que reuniu diversos povos
indígenas contra a dominação portuguesa. Ocorrida por volta de 1554-1563,
colocou em perigo o domínio metropolitano no Rio de Janeiro e em São Vicente.
Os índios do tronco Tupi, de várias regiões do sudeste da colônia (Rio de
Janeiro, Angra e Ubatuba) e os não Tupis, como os goitacás e os aimorés,
habitantes do interior, junto da Serra do Mar, aliaram-se para combater a
escravidão indígena. Os tamoios lutavam contra a escravidão e pela posse de
suas terras e, com esse intuito, se uniram aos Franceses. Após a interferência
dos padres Manoel de Nóbrega e José de Anchieta, foi estabelecida a paz através
de um acordo, posteriormente desrespeitado pelos portugueses, que mataram cerca
de 2.000 índios e escravizaram aproximadamente outros 4.000. Os que conseguiram
escapar acabaram por se refugiar no interior do território. Os Tamoios foram
vencidos, em 1563.
O índio na
atualidade
Hoje, no Brasil, vivem cerca de 460 mil índios, distribuídos entre
225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população brasileira.
Cabe esclarecer que este dado populacional considera tão somente aqueles que
vivem em aldeias, havendo estimativas de que, além destes, haja entre 100 e 190
mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há também 63
referências de índios ainda não contactados, além de existirem grupos que estão
requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal
indigenista.
E com isso, meus amigos, terminamos todo o nosso assunto sobre O Descobrimento do Brasil e as Primeiras décadas da Colônia.
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