A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - COMPLETO

Soldados ingleses na primeira guerra mundial
A Primeira Guerra Mundial matou cerca de 17 milhões de pessoas, traumatizou uma geração, derrubou impérios antigos e mudou a ordem política do mundo - e ainda assim suas origens muitas vezes parecem obscuras e por isso ainda são muito discutidas até a atualidade, porém o tempo tem trazido alguns esclarecimentos acerca do assunto.

Contexto Histórico Pré-Guerra

Até aproximadamente 1914 a Europa exercia a supremacia econômica, política e ideológica sobre o resto do mundo. Na esfera econômica, o poder derivava do fato da Europa ser a responsável pela maior parte da produção e investimentos em escala global. Acabou por tornar-se responsável pela importação da maioria dos gêneros primários produzidos pela “periferia” do sistema capitalista. No campo político, a hegemonia Europeia era garantida pelo Imperialismo associado à influência ou controle direto de áreas como África, Ásia e América Latina.

Agravando o conjunto de fatores que estava por desencadear um conflito global armado, adiciona-se o enfadonho discurso do Velho Mundo sobre a superioridade e modelo de eficácia. Apesar da “pompa”, havia na Europa uma grande distinção entre todas as nações. Além dos diferentes níveis de influência entre as nações pioneiras (como por ex. Inglaterra e França) e as mais jovens (como por ex. Itália e Alemanha), havia uma grande contradição no campo social.

Mesmo industrializados, muitas destas nações eram governadas por nobres, ao passo que outras, enfrentavam disputas entre interesses de classes burguesas e proletárias. Já nesta época o grande temor capitalista viria a materializar-se na Rússia em 1917: O Socialismo. Os únicos países que estavam fora da dominação europeia eram os EUA e o Japão, que não só lutavam, mas também, chegavam a ameaçar a supremacia europeia em alguns lugares do globo, especialmente extremo oriente e na América Latina.

Causas da primeira guerra:

Rivalidades Econômicas e Imperialismo:

A entrada de novas potências industriais imperialistas no cenário internacional aumentava a rivalidade entre as disputas econômicas e a divisão de mercados e territórios. A necessidade de novos mercados levou as potências europeias a firmar acordos na busca de evitar conflitos imperialistas entre as grandes nações, que isoladamente nunca deixaram de ocorrer, sendo freqüente a quebra de tratados e aumento de tensões diplomáticas. A partilha da África e da Ásia busca atender aos anseios imperialistas, entretanto, foi mais tarde, um dos fatores que acaba gerando a animosidade entre as potências européias.

O Revanchismo Francês:

Desenvolveu-se após a humilhação de 1870, onde derrotada, teve que ceder às regiões da Alsácia-Lorena (rica em carvão e minério de ferro). Os franceses desde então nutrem um sentimento de revanche e vingança contra a Alemanha, o que de certa forma pode ser observado também como uma forma de nacionalismo.

Explosão do Nacionalismo:

O nacionalismo desenvolveu-se desigualmente nos países imperialistas, fruto das condições anteriores ao imperialismo. Tradicionalmente considera-se a Alemanha como a maior expressão de nacionalismo, na verdade, muito mais pelos desdobramentos que essa mentalidade teve durante a Segunda Guerra, do que pela sua real importância no final do século XIX. Na Itália o sentimento nacionalista esteve presente em grandes revoluções do século XIX e novamente no processo de unificação. Na França o nacionalismo esteve presente na Revolução Francesa, manifestado principalmente no ideal de “liberdade, igualdade e fraternidade"; se bem que a revolução agudizou a luta de classes, enquanto na Alemanha e na Itália, as unificações baseadas no discurso nacionalista cumpriram o papel inverso, encobrindo as desigualdades, característica fundamental do nacionalismo. Mesmo nos EUA, onde não existe o nacionalismo clássico, este encontrou seu equivalente na Teoria do Destino Manifesto, de origem calvinista, que serviu como justificativa ideológica para o expansionismo ao longo do século XIX e para a formação de sua política intervencionista conhecida por "Big Stick".

Como a Primeira Guerra Mundial começou?

Assassinato do Arquiduque Franz Ferdinand 
 A resposta mais simples é que a causa imediata foi o assassinato de Franz Ferdinand, o arquiduque da Áustria-Hungria. Sua morte nas mãos de Gavrilo Princip - um nacionalista sérvio com laços com o grupo militar secreto conhecido como Mão Negra - impulsionou as principais potências militares europeias para a guerra. Os eventos que levaram ao assassinato são significativamente mais complicados, mas a maioria dos estudiosos concorda que o surgimento gradual de um grupo de alianças entre grandes potências foi parcialmente a culpa para a descida para a guerra.

Em 1914, essas alianças resultaram em seis grandes potências da Europa coalescentes em dois grandes grupos: a Grã-Bretanha, França e Rússia formaram a Tríplice Entente, enquanto a Alemanha, Áustria-Hungria e Itália composta Tríplice Aliança. Junto com esses países veio também o auxílio de outros logo depois do assassinato de Franz Ferdinand.

Lista de desenvolvimentos-chave para a grande guerra:

·         28 de junho de 1914 - Gavrilo Princip assassina Franz Ferdinand.
·         28 de julho de 1914 - Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia.
·         02 de agosto de 1914 - Império Otomano (Turquia) e Alemanha assinam um tratado secreto de aliança.
·         03 de agosto de 1914 - Alemanha declara guerra à França.
·         04 de agosto de 1914 - Alemanha invade a Bélgica, levando a Grã-Bretanha para declarar guerra à Alemanha.
·         10 de agosto de 1914 - Áustria-Hungria invade Rússia. 

À medida que a guerra avançava, novos atos de agressão atraíram outros países, incluindo os Estados Unidos, Austrália, Índia. A maioria das colônias africanas, lutou a mando de seus governantes imperiais. 

A corrida aos armamentos anglo-alemã

Perto do final do século 19, Kaiser Wilhelm II da Alemanha embarcou em um projeto maciço para construir uma frota que iria rivalizar com a Grã-Bretanha.

A Marinha Real no momento foi considerada como a mais poderosa do mundo, embora o seu objetivo principal não era militar, mas a proteção do comércio. "Grã-Bretanha invocado importações e sua prosperidade econômica descansou no comércio marítimo, financiado pela cidade de Londres," Paul Cornish, curador sênior do Museu Imperial da Guerra, diz. "Qualquer ameaça à supremacia naval da Grã-Bretanha era uma ameaça para a própria nação."

A corrida às armas de construção naval com a Alemanha começou em 1898, mas a Grã-Bretanha tinha ganho uma vantagem tecnológica sobre seu rival em 1906, com o desenvolvimento de uma nova classe de navio de guerra - o dreadnought. "Concebido em torno do poder de fogo de armas pesadas e alimentado por turbinas a vapor, este enorme feito levou todos os navios de guerra anteriores serem considerados obsoletos".

Em última análise, a Alemanha foi incapaz de manter o ritmo com o poder de compra do seu rival e trocou a atenção longe de sua marinha de volta para o desenvolvimento do seu exército. No entanto, "o dano ao relacionamento da Alemanha com a Grã-Bretanha se mostrou irreversível".

As fases da Guerra

Soldados guerreando em trincheiras
Podemos dividir o conflito em duas fases: A Guerra de Movimentos (1914) e a Guerra de Trincheiras (após 1915).

A estratégia de guerra alemã, consistia em derrotar primeiramente a França e depois a Rússia. Preparam a invasão da França pela Bélgica, mas uma ofensiva russa obriga a Alemanha a dividir seus exércitos em duas frentes o que enfraquecendo os ataques aos franceses e detém o avanço alemão. Com o conflito equilibrado, o próximo passo é conquistar posições, iniciando-se então a guerra de trincheira, recurso que custou a vida de muitos soldados em ambos os lados, em táticas de ataque e contra-ataque em meio à lama, frio, chuva e corpos.

Posteriormente a guerra envolveu outras nações. Os montenegrinos socorrem os sérvios contra a Áustria, pois tinham a mesma origem étnica. O Japão, de olho nas possessões alemãs no oriente e apoiado pela Inglaterra declara-se contra a ofensiva alemã. A Turquia entra do lado alemão e ataca os russos no Mar Negro. A Itália sai da aliança em maio de 1915 quando entra no conflito do lado ao lado da Tríplice Entende sob a promessa de receber parte do território da Áustria e da Turquia. Na frente oriental o exército russo apesar de numero, sofria derrotas para o exército alemão, o que acelerava as crises internas do país. A crise viria mais tarde a desencadear a Revolução Russa e a sua posterior retirada da guerra, através do Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha.

Os Estados Unidos declararam guerra a Alemanha em abril de 1917, alegando lutar contra o autoritarismo e o militarismo, defendem a criação de uma liga das nações para regular as relações entre os povos, mas o principal objetivo é preservar o equilíbrio de poder na Europa evitando uma possível hegemonia alemã. Vale lembrar que a Entente era a responsável por 3/5 das exportações americanas e uma vitória alemã significaria um abalo na economia americana. Com a entrada dos EUA na guerra, o conflito fica desequilibrado e a derrota do outro lado é só uma questão de tempo.

O FINAL DA GUERRA

Após os russos saírem da guerra com a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk, os EUA alegam terem sido agredidos pela Alemanha, resolvem entrar na guerra ao lado dos Aliados e trazem consigo a América Latina em peso, o que foi decisivo para dar novo fôlego a ingleses e franceses quebrando o equilíbrio existente. Woodrow Wilson, presidente dos EUA e porta voz dos aliados, descarta qualquer possibilidade de manutenção do Kaiser no governo alemão, e partindo do ponto que a paz não teria vencedores, apresentou um plano chamado de 14 pontos de Wilson que serviria de base para futuros tratados: eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos; liberdade nos mares; redução dos armamentos nacionais; retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; restauração da independência da Bélgica; restituição da Alsácia e Lorena á França; reformulação das fronteiras italianas; reconhecimento da autonomia dos povos da Áustria-Hungria; independência da Polônia; criação da liga das nações, dentre outros.

Em julho de 1918 as forças inglesas, francesas e norte-americanas lançam um ataque definitivo contra os alemães, obrigando-os a recuar. A Bulgária retira-se do conflito e a Turquia se rende. O Imperador Carlos I da Áustria assina um armistício e abandona o conflito. A guerra continua porque Wilson exige a deposição de Kaiser, mesmo com os alemães aceitando a rendição com base nos 14 pontos. Assim chega ao fim a Primeira Guerra Mundial.

Espero que tenha curtido bastante. Não se esqueça de deixar o seu comentário caso tenha alguma dúvida ou opinião acerca do assunto, e compartilhe o artigo em suas redes sociais.

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Jhonny Feitoza

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